O
que faz o papel de Guy Pearce em Homem de Ferro 3 ser tão
significativo? Curioso sobre como o personagem de Aldrich Killian foi
concebido no filme e quem ele realmente está representando? Você
realmente acha que o Universo Cinematográfico Marvel abandonou o
Mandarim? Pense novamente. Clique abaixo para seguir uma análise em
torno de Aldrich Killian – o verdadeiro Mandarim (obviamente este post
já é um spoiler em si mesmo).
Esta é uma tradução de um artigo do Tumblr que eu achei que deve ajudar alguns… fãs a entenderem o filme.
Para
aqueles que já viram o filme Homem de Ferro 3, vocês estão muito bem
cientes da grande virada sobre o Mandarim. Claro, isso provocou uma
indignação entre, e eu uso esse termo de um modo muito hesitante, “fãs”,
sendo que eles sentiram que a coisa toda foi um desserviço ao seu amado
vilão de inspiração Fu Manchu.
Enquanto
muitos fãs do Universo Cinematográfico Marvel vieram a defender a
reviravolta, muitos não estão tão bem versados com os quadrinhos, o que
significa que há apenas um número limitado de pessoas que estão
verdadeiramente cientes das implicações da representação do Mandarim
dentro do filme. Não se preocupe mais, pois eu vou dar a explicação que
você está procurando.
Existem três erros que muitos dos “fãs” revoltados gostam de cometer:
1) Eles pensam que retrato do Mandarim de Kingsley é a única representação do personagem dentro das histórias em quadrinhos
2)
Eles acham que a revelação de que o personagem de Kingsley não é nada
mais do que um ator bêbado significa que o Mandarim está arruinado PARA
TODO SEMPRE
3) Eles abertamente ignoram e descartam o personagem de Aldrich Killian
Agora
o negócio é que, o retrato do Mandarim de Kingsley foi fortemente
inspirado pelo visual clássico do Mandarim. Este aspecto do Mandarim
baseia-se no estereótipo Fu-Manchu, um produto de uma antiga percepção
racista conhecida como o “Perigo Amarelo”. Com isso em mente, é
prontamente aparente porquê os cineastas decidiram se afastar disso
transformando a interpretação do “Mandarim” de Kingsley em uma sátira.
Ah,
mas então há a reviravolta, certo? O “Mandarim” não existe realmente no
filme, então? Errado. A verdade é que, Aldrich Killian É o
Mandarim, e isso é algo que muitos fãs tendem a ignorar ou negar
abertamente. Representando a insatisfação dos assim chamados fãs, eles
tendem a usar o Coringa como um exemplo, falando “E se o Coringa
acabasse sendo um mascote que é controlado por um empresário calculista e
você diz que esse cara é o Coringa?” Agora, essa comparação na verdade
não funciona porque o Coringa sempre teve uma aparência geral
consistente e muito icônica para o seu personagem: um cara usando alguma
roupa formal roxa, com pele branca e cabelo verde que se parece com um
palhaço.
O que muitos “fãs” não
parecem perceber é que a representação do Mandarim de Kingsley não é a
única representação/aparência do personagem dentro dos quadrinhos.
Ultimamente o Mandarim tem na verdade sido retratado mais como um homem
de negócios cortês e um cientista que manipula as pessoas nas sombras
diferentemente das iterações clássicas do personagem (soa familiar para
alguém?)
Considerando
como Drew Pearce já falou publicamente que ele pesquisou sobre as
várias versões do Mandarim, não deveria ser nenhuma surpresa que a
descrição do Killian chega muito perto das últimas iterações do
personagem nos quadrinhos. Enquanto alguns são rápidos em apontar em
Extremis como fonte de inspiração para Homem de Ferro 3, leitores de
quadrinhos mais ávidos irão na verdade reconhecer que a trama de Killian
foi muito obviamente inspirada pelo arco dos quadrinhos Iron Man:
Director of SHIELD (# 15-18). Nesse arco de história em particular, é
retratado um Mandarim bastante moderno, e que manipula as pessoas
(incluindo Maya Hansen) como um presidente de uma grande empresa a fim
de ter acesso ao Extremis com planos de “limpeza da humanidade”,
enquanto apoia terroristas nas sombras.
Muito
parecida com Killian no final do filme, esta interpretação moderna do
Mandarim foi apresentada lutando sem camisa e com as próprias mãos
contra Tony Stark.
Acrescentando
ainda mais um paralelo entre o filme e este arco de história, Tony
aparece abandonando a sua armadura Extremis tradicional em favor de sua
armadura clássica do Centurião Prateado para combater o Mandarim. No
filme Homem de Ferro 3, quando Tony vai ajudar Pepper a se livrar dos
escombros, de repente ele é atacado por Killian. Adivinhe qual armadura
Tony estava usando durante esse momento? Sim, é isso mesmo, a armadura
Centurião Prateado, completa com acabamento de prata e ombros
pontiagudos.
Como
outra comparação notável, antes do Mandarim ter ressurgido em
quadrinhos recentes, ele tinha realmente perdido as mãos de antemão,
eventualmente adotando um set de mãos artificiais (visíveis nas imagens
anteriores). Apesar de não ter sido confirmado se foi intencional por
parte dos cineastas, isso certamente é um reflexo da cena em que
Killian tem a sua mão cortada por Tony durante o seu primeiro confronto
de verdade, juntamente com a batalha final na qual Killian
momentaneamente quebrou o pulso enquanto lutava com Tony (só que no
filme ele é capaz de se regenerar através de seu vírus Extremis).
Com
tais semelhanças gritantes entre o filme e esta versão em particular do
Mandarim, deve ficar claro que tais ligações não são meras
coincidências. Ainda não está convencido? Bem, e quanto a isso:
-
Mandarim dos quadrinhos é um artista marcial super-humano hábil e um
cientista louco que cria planos para causar a 3ª Guerra Mundial para que
ele possa governar as cinzas. Ele é extremamente atlético e luta usando
golpes de karatê com os seus poderes chi. O seu design tem motivos de
dragão e ele tem laços com o personagem que é um dragão Fin Fang Foom.
-
Aldrich Killian é um artista marcial sobre-humano e um cientista louco
que bola esquemas para controlar e expandir a guerra ao terror para que
ele possa lucrar com as cinzas. Ele é atlético e luta usando golpes de
karatê por meio de suas habilidades Extremis. Ele tem tatuagens de
dragão em seu peito, que são descritas pelo diretor Shane Black como uma
referência a Fin Fang Foom.
Não é
tão diferente mais agora, hein? Se qualquer coisa, Killian é na verdade
muito mais próximo do Mandarim do que a origem do seu próprio nome. Para
referência, o Aldrich Killian original nos quadrinhos era apenas o
cientista que criou Extremis, que se suicidou nas primeiras páginas da
saga Extremis antes que Tony pudesse até mesmo ter conhecido o
personagem.
Enquanto alguns possam
argumentar que a remoção dos poderosos dez anéis do Mandarim em favor de
habilidades Extremis é uma blasfêmia, a ideia de combinar antagonistas
tem uma precedência que já aconteceu antes através do personagem
Whiplash/Ivan Vanko em Homem de Ferro 2 (ele próprio sendo uma
combinação de vilões do Homem de Ferro Blacklash e Crimson Dynamo). No
caso de Aldrich Killian, eles simplesmente lhe deram as habilidades
Extremis do vilão do Homem de Ferro chamado Mallen (o antagonista direto
da saga Extremis), em favor de brincar com os dez anéis alienígenas do
Mandarim dos quadrinhos. Ainda assim, isso não significa que Aldrich
Killian seja simplesmente um personagem original que é uma mistura de
vários. Para todos os intentos e propósitos, Aldrich Killian é bem e
verdadeiramente “O Mandarim”, só que a ele é dada a identidade de
“Aldrich Killian”, juntamente com as habilidades Extremis de Mallen
(completas com respiração de fogo).
Então,
por que não Killian usa os anéis? Bem, por mais que Killian não
realmente use anéis em combate, se você realmente prestou atenção ao
filme, verá que Killian na verdade usava um número excessivo de anéis
(uma dica para a sua verdadeira identidade), apesar de ser solteiro.
Isso
tudo pode parecer que é um monte de teorias loucas de fãs, mas não
tenha medo, isso já foi confirmado. O diretor de Homem de Ferro 3, Shane
Black, elaborou que o personagem de Guy Pearce (Aldrich Killian) é na
verdade a representação do Mandarim no Universo Cinematográfico Marvel,
como foi indicado por suas tatuagens de dragão. Black descreve a persona
terrorista (interpretada pelo personagem de Kingsley) como
representante do Killian, essencialmente uma “máscara” para Killian
permanecer anônimo ao manipular a mídia e o governo.
Esta entrevista enfatizou
fortemente a noção do “Mandarim de Pearce” ao invés de algo que
simplesmente foi inspirado pelo personagem das histórias em quadrinhos.
Isso praticamente legitima o seu papel como a versão do UCM do Mandarim
ao invés dele simplesmente ser um amálgama de vários personagens. Com a
intenção de satirizar o modo como a mídia trata o terrorismo de forma
sensacionalista, Black reinventou o personagem usando a aparência
clássica do Mandarim para criar a persona terrorista, enquanto usa a
interpretação moderna do personagem para criar Aldrich Killian.
“Sem
mais rostos falsos. Você disse que queria “O Mandarim”… você está
olhando para ele. Sempre foi eu, Tony, desde o começo. Eu sou o
Mandarim!” (Aldrich Killian) [Era de se pensar que com esta fala as pessoas fossem entender, mas aparentemente não é o caso]
À
luz desta revelação, o retrato de Kingsley não fica obsoleto de jeito
nenhum, sendo que a persona terrorista do “Mandarim” essencialmente
atuou como a “cara” e o “porta voz” de Killian, mantendo-se assim uma
parte vital de seu personagem. Considerando como a concepção de Killian
do “Mandarim” foi supostamente inspirada por Sun Tzu, você pode
facilmente atribuir a sua preferência pela estética do Oriente, como
parte de sua fixação sobre Sun Tzu e suas obras no que diz respeito à
guerra. Tanto quanto o “Homem de Ferro” é verdadeiramente Tony Stark, o
“Mandarim” é verdadeiramente Aldrich Killian.
Black
explica que isso é o que Killian realmente quis dizer durante seu
discurso final, no qual ele e Tony devem parar de usar “faces falsas”
para destacar sua aceitação e direito sobre seus crimes, assim como o
seu papel como o verdadeiro “Mandarim”. Afinal, o título de “mandarim” é
descrito no filme como um “conselheiro do rei”, o que basicamente
aponta para o objetivo de Killian de ganhar poder e controle sobre o
governo, enquanto continuamente utiliza a persona terrorista para
manipular o público. O que faz este retrato particular do Mandarim ser
tão significativo é o fato de que os cineastas decidiram finalmente
retratar o Mandarim como um inimigo pessoal de Homem de Ferro de um modo
diferente de qualquer outra representação do mesmo que já tenha
aparecido.
Seu
personagem é interessante à medida em que ele vira uma versão
subvertida do nêmese do Homem de Ferro. Ao lhe dar uma identidade real
ao invés de simplesmente ser uma persona, ele se transformou em algo
mais humano do que se poderia pensar, e sua colocação no UCM como um dos
próprios “demônios” de Tony faz dele um vilão mais interessante do que o
habitual. Agora, vamos compará-lo com os outros vilões do Homem de
Ferro.
Obadiah Stane era como o “tio”
próximo-mas-malvado que queria destronar o herdeiro da empresa,
assumindo as Indústrias Stark e “improvisar” (leia-se roubar) as ideias
de Tony. Whiplash/Vanko por outro lado queria vingança clássica na forma
de fazer uma declaração, especificamente mostrando ao mundo que o Homem
de Ferro não era tão invencível quanto parecia. Então há Justin Hammer,
que sempre se viu como rival de Tony e superior, especialmente com o
seu objetivo de fazer o Homem de Ferro parecer uma “antiguidade”.
Finalmente
temos Killian, um cara que era um dos maiores fãs auto-admitidos de
Tony, até que ele foi humilhado pelo próprio cara que ele admirava. Mais
do que tudo, Killian queria ser como Tony. Seus esquemas envolviam
roubar e destruir o que Tony tinha. Ele não estava fazendo uma
declaração ou difamando Tony como os outros vilões passados. Por qual
outro motivo ele iria querer que ele fosse silenciosamente assassinado
durante todo o filme? Em vez disso, sua vingança contra Tony era sobre
basicamente substituir o cara, além de também tentar realizar mais do
que Tony jamais poderia ter realizado. Ele fundou uma empresa de
fabricação de armas e de ciência que poderia basicamente rivalizar com a
Stark Industries. Ele empregou Maya Hansen, porque ela estava
interessada em Tony, e raptou sua antiga paixão, Pepper Potts, porque
ela se envolveu romanticamente com Tony, até mesmo indo tão longe a
ponto de descrevê-la como seu “troféu”.
No
clímax do filme, Killian é mostrado como tendo acumulado o seu próprio
exército de soldados Extremis enquanto que em contraste temos Tony com
seu exército de armaduras Homem de Ferro. É definitivamente interessante
que Killian seja tratado como uma espécie de erro, um “demônio” que
Tony tinha criado por causa de seu antigo estilo de vida arrogante. Como
tais, os soldados Extremis e Killian são os “demônios” que ele teve que
enfrentar, e com as armaduras Homem de Ferro ao seu lado, qual a melhor
maneira de lutar contra seus demônios do que usar as mesmas ferramentas
que o transformaram no homem mudado que ele é agora?
‘Fãs’
enfurecidos afirmam que Killian nunca pareceu assustador ou
impressionante o suficiente para ser “o Mandarim”, mas isso não quer
dizer que ele não era perigoso, e eu acho que ele é definitivamente um
dos inimigos mais perigosos e pessoais de Tony até agora.
Toda a ideia por trás do
filme era que você “cria seus próprios demônios”. Esses “demônios”
pessoais não são apenas forças externas (como a representação do
Mandarim de Kingsley), são coisas nas quais você teve uma mão na
moldagem delas, essencialmente criando seu próprio carrasco. Ao designar
Killian como “demônio” pessoal de Tony, foi consolidado ainda mais o
seu papel como verdadeiro arqui-inimigo do Homem de Ferro: O Mandarim.
Com
tudo isso tendo sido dito, a próxima vez que alguém falar que a Marvel
estragou o Mandarim em Homem de Ferro 3 ao transformá-lo em uma piada,
diga que é o contrário. Da interpretação de Guy Pearce e as referências
dos quadrinhos. Através da inferência de suas ações e o discurso direto
do próprio personagem. E, finalmente, a partir das próprias palavras do
diretor, tenha certeza de que o Mandarim verdadeiramente existe; e seu
nome é Aldrich Killian.
Texto original: Why Aldrich Killian is “The Mandarin”
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